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16.6.09

O Abraço Egoísta



Preciso fazer uma confissão, caso já não seja de consentimento público: sou extremamente egoísta. E extremamente consciente do meu extremo egoísmo. Ele não me domina em tempo integral, mas quando se faz sentir, enche-me de uma certeza cega de possessividade em relação a tudo e todos que algum dia já estiveram ao alcance do meu apego.

Como egoísta convicta, não suporto a ideia de dividir. Odeio em silêncio quando sou dividida com horas de trabalho, ações filantrópicas, e compromissos inadiáveis. Sufoco a amargura de ter de dividir você com teus novos e velhos amigos, com tua introversão, até mesmo - e em grande parte - com o que quer que te prenda àquela tela de computador ou televisão.

Dividir-te com a distância dilacera-me o coração.

Ainda tomada por esse egoísmo, detesto dividir meus pensamentos e sentimentos mais reclusos, minhas inseguranças e certezas mais indizíveis. Quero deixá-los bem quietinhos, adormecidos dentro de mim, saciados pelo meu estoque ilusório de autossuficiência.

Não me julgue da maneira errada (não me julgue de qualquer maneira!), juro que não sou movida à maldade. Apenas tenho uma vontade imensurável de abraçar tudo e todos que despertam em mim o que há de melhor em se estar vivo, e não deixá-los partir nunca mais, nunca mais...

Se receias o meu egoísmo, evita qualquer gesto simpático, qualquer ato amigável, sob o risco de seres aprisionado em um forte e imenso abraço.