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10.4.09

Pontinha de eternidade



Caminhos diferentes impõem distintas trajetórias a corações tão parecidos e sorrisos tão sinceros quando juntos.

Ficam as fotos no álbum da memória, as risadas ecoando ao fundo e os flashes de lembranças ao som de uma ou outra música.
A saudade é a maneira mais viável de fazermos com que um simples e curto momento dure para sempre.
Como uma mania pessoal, tendo a classificar momentos. E por vezes me pego pensando baixinho: "esse vai ser revivido nas 'sessões nostalgia' de mais além...". E logo sinto o coração batendo em ritmos alternados de saudade e extrema felicidade.
Essa é a sensação de que tudo valeu a pena e teve sua pontinha de eternidade.


Não vivo para sentir saudade,
mas sinto saudade por viver.

7.4.09

Pequeno Recreio



"As flores não murcham assim de repente

Sem deixar seu perfume no ar
E as sementes na terra...

O sol não se esconde nas noites escuras
Sem deixar a certeza que suas luminárias
Voltarão outra vez...

Como o sol e as flores que vão e retornam,
As vidas humanas não vão por acaso:
Elas deixam por onde passarem
Não somente as marcas dos passos
Mas, sobretudo, a certeza maior
De que aqui nesta nossa existência
Estamos passando somente
O nosso pequeno recreio na Terra..."

[Nelson Rech]

3.4.09

Lágrimas no rosto e vazio no coração

"Lágrimas no rosto e vazio no coração.

Eram claros os sinais de que a vida real acabava de chegar para tomar o lugar de uma vida não perfeita, mas feliz.

Ao fechar a porta – e trancá-la, após sucessivas recomendações de segurança que minha mãe me dera durante todas as férias – desatei-me a chorar. Um choro compulsivo e angustiante, mas contido, para não acordar minha companheira de apartamento. Ao dar o abraço de despedida para a partida de meus pais e minha irmã, senti um imenso nó formando-se em minha garganta, que segurou o “Amo vocês!” nas profundezas do meu pensamento. Como sabia que isso iria acontecer, escrevi palavras de carinho e agradecimento, já no dia anterior, que ecoariam carregadas do meu sentimento.

Enfim chegara o momento tão esperado: caminhar com as próprias pernas, deixar minhas pegadas na história de algumas pessoas, seguir rumo a um destino que só enxergo em sonho, visando torná-lo realidade.

Deixava para trás a segurança e o amor sempre presentes em minha casa. Abria mão do abraço apertado que tanto me fez – e faz – falta. Das conversas produtivas e também dos bate-papos sem compromisso, que suscitam as risadas mais aconchegantes e fazem o tempo passar sem esforço algum.

Usei muitos artifícios para driblar a solidão que imediatamente se instalou na minha nova vida. Dediquei-me ao máximo aos estudos, motivo de minha partida. Devorei livros, para que as palavras alimentassem meu desejo por comunicação e socialização.

Infelizmente, meu perfeccionismo exacerbado tomou conta de mim, ao querer representar meu próprio ideal por dentro e por fora. O espelho começou a refletir uma imagem de um corpo cada vez mais magro e de um olhar cada vez mais vazio e sem brilho. A ajuda veio em hora certa, graças ao olhar atento de meus pais. Várias pessoas contribuíram para a minha recuperação, da qual ressurgi com mais energia e conhecendo mais a fundo minhas inseguranças e aspirações.

Um ano se passou.

Nesse meio-tempo, alegrias, decepções, realizações e muita, muita saudade.

O ano de 2008 começou com um objetivo claro: a aprovação no vestibular, passo extremamente importante para minha realização pessoal.

Entrei de cabeça desde o início, deixando em segundo plano minha vida social (que, aliás, sempre foi mais pessoal a social!) e meus momentos de prazer em frente a um bom livro ou filme.

A vida de estudante de vestibular veio preencher as tardes vazias com muitos exercícios e aulas a revisar. Ao mesmo tempo, aumentou a distância que me separa de todos a minha volta."

Essas palavras foram escritas em Junho de 2008 e ficaram sem um final. Até então, tal final não passava de uma grande incógnita, que não correspondia aos valores de "x" e "y" com os quais estava tão habituada e sequer poderia ser encontrado pelos métodos convencionais que as - inúmeras - fórmulas me disponibilizavam.

Mas esse era o caminho. Esse foi o caminho. Tudo mudou muito no segundo semestre, pra melhor. Amizades trouxeram paz pro meu coração e o conforto de que eu tanto necessitava. A proximidade do vestibular e as diversas possibilidades que surgiam daí me estimularam a seguir adiante.

E só de pensar que foram nos últimos 4 dias dos 698 que tudo se concretizou... Olho pra trás e vejo que vivi uma mistura de sentimentos, mas o que predomina hoje é a gratidão - gratidão por mim mesma, por não ter desistido tão fácil dos meus sonhos.

Escrevi o meu final feliz. Pelo menos o desse capítulo, dentre tantos que minha história ainda me reserva.

2.4.09

That's how life goes


Depois de dois anos turbulentos, aprendi a dar valor a dias calmos.


Tão calmos que posso me dar ao luxo de ficar entediada, só pra depois me desentediar;
tão calmos que pude voltar a encontrar prazer nas pequenas coisas, admirar o pôr do sol até todas as cores se fundirem em escuridão, sentir o vento soprar o desassossego e purificar cada cantinho da alma;
calmos a ponto ver as horas comportarem-se como segundos durante uma boa conversa, e segundos transformarem-se em preciosidades ao perceber que verdadeiros laços de amizade resistem à poeira do tempo e à imposição da distância.

Somente em dias calmos assim percebe-se o real sentido de tudo, mesmo não passando de uma grande ilusão. A vida resume-se a uma busca por dias assim. Depois de grandes conquistas, de tanto esforço e trabalho, volta-se os olhos e o coração para as companhias mais agradáveis, os sabores mais irresistíveis, a melodia mais encantadora e até mesmo a solidão mais regeneradora... várias faces do desejo mais intrínseco: um dia calmo, um dia de plena paz.
Justamente para os momentos de ócio criativo, abri as cortinas do meu pensamento. Vê-se, então, não um esplêndido palco, mas um caminho repleto de possibilidades.