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1.7.09

Entre as badaladas do tempo



Quanto tempo terá de passar
Quantas chegadas e partidas
Para se fazer amar,
Amar sem promessas descumpridas?

Quanta vida há de se viver
Antes de vivermos somente a morrer?
Morrer de amor, morrer de felicidade
Morrendo eternamente de saudade.

E a semente que ficou por plantar
Assim como toda declaração contida
Seria flor e fruto, não faltasse regar
Aos poucos secou e foi esquecida.

Muito - e sempre - deseja-se fugir
Sem pretensões para não se despedir
E em tal refúgio, real ou inventado,
O encanto retorna ao viver desamparado.

E nesse respirar, e nesse digerir
As horas, quietinhas, não se fazem sentir.
Roubam momentos sem piedade
Para trancafiá-los na posteridade.

Não se levam sorrisos, não se levam opressões,
Não se leva riqueza, nem as realizações.
Já no estertor, despedindo-se da realidade
Nem ao menos quer-se levar, apenas deixar: deixar uma grande saudade.

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