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29.7.09

Reles Imensidão

É a tua infinitude que te engrandece, mas também te aprisiona, te cerca de limites e impossibilidades. Essa imensidão te liberta do supérfluo e da mesquinhez, mas não te livra nunca do murmurar inquietante da tua consciência. TEC. TEC. TEC.

A hipocrisia fede. Esse cheiro te afeta, penetra teus poros e invade cada célula, fazendo germinar essa sensação de asco e desconforto que permeia tuas palavras e expressões. Perdoa minha ignorância, ser tão insignificante. És cristalino e inodoro, mas aqui fede muito.

Sinto-me entorpecer, não compartilho da tua amplidão. Perdoa minha finitude. Mas sei que a invejas a contragosto, apesar de toda sua podridão. É a tua mesma imensidão, que te engrandece e te aprisiona, que também te condiciona à solidão. Do alto da tua magnitude não vês ninguém como tu, e ninguém daqui te vê por inteiro; não entendes essa falsa e morna felicidade, interpretada com tanta veemência que se transforma em verdade absoluta e incontestável, ao mesmo tempo que não és compreendido por ninguém, ninguém..

És infinito, impossível de mensurar, quanto mais de se admirar. Contrasto com a tua vastidão, soberanas são minhas fraquezas e vulnerabilidades. Caminho sobre pedras falsas, circundada por flores artificiais exalando fragrâncias ainda mais sintéticas, que encobrem o cheiro oculto de tudo que finda.

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