Caso já não tenham percebido, eis a verdade: sempre fui meio estranha. Desde o princípio. Peixe fora d'água, cheguei a ser alvo da preocupação de minha mãe: "só pode ter algo de errado com essa menina".
Quando frequentava o jardim de infância, boné era acessório permanente na minha cabeça, protegendo-me de todos os olhares e julgamentos. Durante o recreio, nada de brincadeiras e risadas com os colegas: seguia a professora até a "Sala dos Professores" e esperava sentadinha o sinal tocar para, então, regressar à sala de aula na companhia dela.
Aos poucos, o boné foi ficando de lado e eu passei a conviver mais com os colegas. Nem por isso abandonei a timidez, marca registrada até o momento. Foi na segunda série do primeiro grau, aos sete anos de idade, que dei um passo significativo para vencer essa introspecção: participei do meu primeiro FELAC - Festival Lassalista da Canção. Foi cantando "Pense em Mim", de Leando e Leonardo, que subi no palco e encarei um ginásio inteiro lotado. Todos os olhares, toda a atenção, nenhum boné pra me salvar. Minha mãe havia providenciado um figurino especial para a apresentação, saia e colete jeans, no maior estilo sertanejo. Desisti da roupa numa crise pré-festival, quando também quase desisti de me apresentar. Convencida pelos meus pais, impus uma condição: cantaria de uniforme. Dentre os inúmeros participantes, eu era a única vestida de calça de moletom, camiseta de manga comprida e tênis "Fila". No palco, os movimentos percebidos eram o de um pé ritmado e o dos lábios cantando. Tirei o primeiro lugar, mas venci muito mais que um festival; venci uma timidez de grandes proporções, que não mais prenderia minha voz dentro de mim.
Mas a minha estranheza não termina aí. Minhas calças do uniforme do colégio eram frizadas embaixo, como as de ninguém. Já usava relógio de pulso desde sempre, como ninguém. Jogava futebol com os guris todos os recreios e detestava vôlei. Eu odiava dançar (hoje posso dizer que arrisco uns poucos passos; aliás, quem deve realmente saber dançar é o homem: a nós, mulheres, cabe acompanharmos o par...). Eu gostava (e gosto) de estudar. Cheguei a trocar de turma para ter aula com determinado professor, deixando meus amigos em outra sala. Até hoje não suporto usar salto. Se o faço, é as custas de muito sacrifício e extrema necessidade. Ainda troco as vitrines de lojas de roupas e calçados pelas de livrarias. Adoro tomar café à noite. Com leite. Não tenho nenhuma tatuagem e nada além de um furo para brinco em cada orelha - e assim sempre será. Saí de casa, embora todos os amigos tenham ficado. Foram várias as sextas-feiras que dormi antes das 22h e inúmeros os sábados e domingos nos quais levantei antes das 7h. Mesmo vestida e maquiada, consegui dormir antes de uma festa, abdicando dela, por ter esta começado muito tarde: 00h45. Ingeri bebida alcoólica numa festa pela primeira vez aos dezessete anos - e achei engraçado o seu efeito. Culinária realmente não é o meu forte. Costumo jantar até às 19h30 - e então fica evidente a extrema necessidade do relógio de pulso. Adoro inverno. Giro a chave duas vezes ao trancar a porta, rigorosas duas vezes. Enquanto todos visam Curitiba, eu escolhi Porto Alegre.
Todos somos estranhos ao nosso modo. Afinal, o conceito de "normalidade" é bastante flexível e ganha contornos e recortes de acordo com cada personalidade. Minha estranheza também não termina aí, mas não vou entregar tudo de bandeja.
Quando frequentava o jardim de infância, boné era acessório permanente na minha cabeça, protegendo-me de todos os olhares e julgamentos. Durante o recreio, nada de brincadeiras e risadas com os colegas: seguia a professora até a "Sala dos Professores" e esperava sentadinha o sinal tocar para, então, regressar à sala de aula na companhia dela.
Aos poucos, o boné foi ficando de lado e eu passei a conviver mais com os colegas. Nem por isso abandonei a timidez, marca registrada até o momento. Foi na segunda série do primeiro grau, aos sete anos de idade, que dei um passo significativo para vencer essa introspecção: participei do meu primeiro FELAC - Festival Lassalista da Canção. Foi cantando "Pense em Mim", de Leando e Leonardo, que subi no palco e encarei um ginásio inteiro lotado. Todos os olhares, toda a atenção, nenhum boné pra me salvar. Minha mãe havia providenciado um figurino especial para a apresentação, saia e colete jeans, no maior estilo sertanejo. Desisti da roupa numa crise pré-festival, quando também quase desisti de me apresentar. Convencida pelos meus pais, impus uma condição: cantaria de uniforme. Dentre os inúmeros participantes, eu era a única vestida de calça de moletom, camiseta de manga comprida e tênis "Fila". No palco, os movimentos percebidos eram o de um pé ritmado e o dos lábios cantando. Tirei o primeiro lugar, mas venci muito mais que um festival; venci uma timidez de grandes proporções, que não mais prenderia minha voz dentro de mim.
Mas a minha estranheza não termina aí. Minhas calças do uniforme do colégio eram frizadas embaixo, como as de ninguém. Já usava relógio de pulso desde sempre, como ninguém. Jogava futebol com os guris todos os recreios e detestava vôlei. Eu odiava dançar (hoje posso dizer que arrisco uns poucos passos; aliás, quem deve realmente saber dançar é o homem: a nós, mulheres, cabe acompanharmos o par...). Eu gostava (e gosto) de estudar. Cheguei a trocar de turma para ter aula com determinado professor, deixando meus amigos em outra sala. Até hoje não suporto usar salto. Se o faço, é as custas de muito sacrifício e extrema necessidade. Ainda troco as vitrines de lojas de roupas e calçados pelas de livrarias. Adoro tomar café à noite. Com leite. Não tenho nenhuma tatuagem e nada além de um furo para brinco em cada orelha - e assim sempre será. Saí de casa, embora todos os amigos tenham ficado. Foram várias as sextas-feiras que dormi antes das 22h e inúmeros os sábados e domingos nos quais levantei antes das 7h. Mesmo vestida e maquiada, consegui dormir antes de uma festa, abdicando dela, por ter esta começado muito tarde: 00h45. Ingeri bebida alcoólica numa festa pela primeira vez aos dezessete anos - e achei engraçado o seu efeito. Culinária realmente não é o meu forte. Costumo jantar até às 19h30 - e então fica evidente a extrema necessidade do relógio de pulso. Adoro inverno. Giro a chave duas vezes ao trancar a porta, rigorosas duas vezes. Enquanto todos visam Curitiba, eu escolhi Porto Alegre.
Todos somos estranhos ao nosso modo. Afinal, o conceito de "normalidade" é bastante flexível e ganha contornos e recortes de acordo com cada personalidade. Minha estranheza também não termina aí, mas não vou entregar tudo de bandeja.
9 comentários:
Adorei o post. Comento contigo no msn. Não caberia aqui
Somos estranhamente parecidas :) Ô Lu, adoro as coisas que tu escreve! Lindo o post!
Melhor post que eu já li! Que bom que a tua opção para perder a timidez foi cantar, e que bom que tu nunca mais parou.Concordo contigo em vários pontos, principalmente no roupas x LIVROS hehe
Beijão Pezzarca
Adorei Lu!!! E faço minhas as palavras da Mari! :) Bjão!!
nunca havia lido um post em um blog, mas quando vi no seu orkut que um blog havia sido atualizado, curiosamente fui dar uma olhadela.
nao li todos os posts, mas esse, pelo título, chamou minha atençao. li e fiquei DE CARA! hehe .. muito legal mesmo!! com certeza todos sao estranhos ou têm suas estranhezas, mas as suas sao de longe as mais saudáveis!
Hummm,vc parece eu há 30 anos atrás...rssss...deve ser mal de família. O temperamento de cada um é sua marca registrada e acho muuuito legal vc assumir essas estranhezas e diferenças na boa. Se fosse uma outra garota,encararia a si mesma como mal-resolvida e correria a sufocar suas diferenças embaixo de toneladas de coisinhas de mau gosto ,tão comuns a juventude,só para ser igual aos outros.
Autenticidade é um dom,garota e vc pelo jeito é dez!
Autenticidade e poesia dá uma boa dupla...
Beijão da prima.
Luíza,
Sim, Prometido,
Cumprido,
lido,
lindo, Perfeito,
superou expectativas,
e explica muitas coisas...
e, Pezzali, tenso,
primeiro lugar do concurso? sabe o que isso me leva a pensar? FOTOS, muitas,
sua mãe deve ter tirado...
...precisa nos mostrá-las, ahn
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