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26.7.10

Por um arbítrio livre


Livre-arbítrio. Supostamente deveríamos ir e vir amparados pela segurança e liberdade que essa palavra evoca. Porém, com tantos valores e comportamentos questionáveis desse nosso tempo, feitos banais dada sua generalização, seria um perigo à própria raça humana termos livre-arbítrios completamente livres andando por aí. A parte ruim e injusta de todo esse emaranhado de livre-arbítrio reprimido são as vontades emudecidas não por representarem qualquer espécie de ameaça a outro ser, mas sim por ousarem contrariar as convenções pré-estabelecidas do que é certo e errado.

Existem padrões de comportamento que são indiscutíveis e assegurados por lei, devido à sua prática e principalmente à sua possível transgressão envolverem a vida de mais de um indivíduo, podendo colocá-la em risco. Porém, no que diz respeito à individualidade, a liberdade de escolha deveria prevalecer sobre as imposições sociais, desde que as conseqüências de tais escolhas não venham a ameaçar a própria integridade física e moral de quem as pratica.

No momento de tomar qualquer atitude para desvencilhar-se de um status quo infeliz, ainda que dentro dos "padrões", cuja origem já se perdeu e queda não se prevê, é preciso mais do que coragem: é preciso acreditar que vale a pena correr todos os riscos para ter seu desejo realizado. É nesse momento de hesitação que muitos infelizes permanecem infelizes, e passam a enxergar a felicidade como utopia, pertencente a uma realidade paralela, onde o acesso só não é restrito aos sonhos reprimidos, que poderão, enfim, brincar de serem possíveis.

Os infelizes não desistiram da felicidade, apenas têm medo do que podem vir a perder pelo caminho ao tentar encontrá-la. Não se deve confundir esse medo com uma covardia sem motivos. Na hora de pesar o que vale mais, a razão geralmente predomina sobre todo o resto, e acaba ditando o rumo a ser seguido. A felicidade, independentemente da razão, sempre tem um peso maior, e, justamente por pesar tanto, às vezes não se consegue carregá-la.

Apesar de todas as amarras e da correnteza contrária a ser enfrentada, lutemos pela nossa felicidade de maneira a torná-la cada vez mais palpável e da forma que menos nos exponha - julgamentos alheios não são encorajadores por natureza. Na pior das hipóteses, cada conflito nos preparará para o próximo, e conheceremos a nós mesmos como nunca. E, quem sabe, não encontremos, permeando esse autoconhecimento, aquilo que realmente estávamos procurando.

4 comentários:

Gabriel Curubeto disse...

"No momento de tomar qualquer atitude para desvencilhar-se de um status quo infeliz, ainda que dentro dos "padrões", cuja origem já se perdeu e queda não se prevê..."

É complicado mesmo, ainda por cima na "melhor faculdade do Brasil"...

Marcelo Puricelli disse...

ba, bem interessante o texto. Freud escreveu um ensaio, o "mal-estar na cultura", que dá justamente a causa de muitas de nossas infelicidades e frustrações: a vida em sociedade. para respeitar o outro, é preciso inibição de impulsos e desejos, o que origina o "mal-estar". a transgressão assim é a própria busca pela felicidade shuahsaushu beijo

Anônimo disse...

"Filho, nunca deixe que alguém impeça você de sonhar, nem que essa pessoa seja seu pai"


...por um arbítrio livre...

Gabriel Bedin Slevinski disse...

Belo texto. Acredito que a liberdade seja o caminho mais curto entre o sonho e a felicidade...